Ao domingo eu vejo sempre o meu horóscopo no jornal. Não que me guie pelo que lá se diz. É só para ficar com a sensação de que a partir de segunda-feira a vida não é como eu gostava que fosse, mas sim como está predestinado que seja. Depois, vem o começo da semana e esqueço as previsões e luto como um danado para impor a minha regra. Domingo seguinte, volto ao mesmo e compro o jornal. É um divertimento inocente: eu a fazer como se fosse livre, o horóscopo a ser como se fosse fatal. Esta semana, porém, o meu universo resvalou. Não só o horóscopo não trazia o Carneiro como repetia duas vezes o Leão. Fiquei sem saber como vai ser e a desconfiar que isto, afinal, é na base do tanto faz. Temo o pior: a ser a vida sem predestinação e só em função do que eu quero, temos desastre pela certa.