Luiz Augusto Rebelo da Silva viveu quarenta e nove anos [1822-1871] e escreveu quarenta e um livros. Estudou matemática e letras, foi jurisconsulto, deputado, romancista, historiador, em suma, uma intranquila criatura.
Grande parte da sua obra perde-se por ter sido impressa em mau papel. As edições em oitavo tiradas no início do século vinte desfazem-se nas mãos, alguns tomos aparecem irmanados com um barbante e laçarote para não se desconjuntarem. De quando em vez lá surge um volume mais afortunado, encadernado. Apenas a sua História de Portugal (séculos XVII e XVIII) mereceu honras de edição cuidada, prefaciada e organizada pelo falecido professor Borges de Macedo.
Dele disse Ramalho Ortigão que tinha o diabo da arte no corpo o amor das letras na massa do sangue [As Farpas, Janeiro de 1884, edição Corazzi, tomo III, pág. 44 e ss., e Paladinos da Linguagem, 1.º vol., Aillaud e Bertrand, Lisboa, 1921]. Compreende-se bem porquê.