«João de Vasconcelos Lopes, aos vinte e cinco anos, já professor de liceu, doutorando com uma tese a caminho e muito apaixonado pela sua noiva, que lhe retribui esse amor, vê-se na iminência de ter de partir para Angola como oficial miliciano. Um amigo muito envolvido nas lutas antifascistas prepara-lhe a saída a salto pelo Norte, Vera irá depois ter com ele, e lá vai João viver a grande aventura da sua vida, a travessia da fronteira e, em Espanha, onde o esperam outros apoios, novas peripécias até San Sebastian, onde consegue integrar-se numa excursão turística daí a Biarritz. E ei-lo em França, com o seu passaporte, com os primeiros carimbos falsos, é claro, a instalar-se num hotelzinho modesto no bairro Latino, a conviver com exilados políticos (...)».
É o resumo de um livro, que encontrei numa recensão da Fundação Gulbenkian, aqui.
E porque será que ante tais ingredientes não me apetece lê-lo? Será por algum reaccionarismo primário? Ou será porque na arte se exige mais subtileza, mais sublimação, mais forma de se chegar lá! Não me contem o filme se querem que eu vá ao cinema!
Mas há supresas: «Assim um dia, o Professor Pardon propõe-lhe ir viver na província de Anjou, bela região entre o Maine e o Loire, em casa de uma fidalga, Madame de la Boullerie, que precisava de uma espécie de secretário-bibliotecário, que lhe arrumasse os livros que tinha em desordem e a ajudasse a organizar as memórias de seu falecido esposo (...)».
Ah! Mundo promissor! Uma Madame sem o falecido esposo e carecida de que lhe arrumassem os livros!
Desisto, mesmo. Já agora, aqui fica. O livro chama-se João Sem Terra. O autor, José Augusto França. O crítico embevecido Urbano Tavares Rodrigues. «Recomendar muito vivamente a repousada leitura deste livro é o mínimo que posso fazer», diz ele.
É verdade! A obra saiu o ano passado.