Por causa de um livro que traduzo estou a ler muitos outros. Já tinha lido este em diagonal. Agora faço-o com pormenor. É a sua autobiografia. «Cisne» é o nome de código quando trabalhou como agente secreto para o SIM espanhol. Daí que o livro ostente como sub-título «Un espia de Franco».
Esta histórias sobre espiões correm o risco de serem ridículas. No caso são esclarecedoras. Luis fez da sua amoralidade carreira, da sua ambição, sucesso. Esteve na Legião Espanhola, de Millán Astray, heróica e controversa figura, mutilado de guerra, a quem credita a frase gritada no desfile da Vitória: «Franco, hijo de puta! Contempla a nuestros hijos y admiralos! Franco sonrió». Por supuesto, claro. O mesmo Astray que no confronto com Unamuno lançaria o «Muera la inteligencia! Viva la muerte!». Foi em 12 de Outubro de 1936.
Nos anos sessenta González-Mata infiltrar-se-ia no DRIL de "Sotomayor", Velo Mosquera, Henrique Galvão e Humberto Delgado, movimento que estaria na génese do assalto ao paquete Santa Maria, da Companhia Colonial de Navegação. Investigaria a morte deste, elaborando um relatório que embaraçaria os portugueses depois das polémicas declarações de Franco Nogueira sobre a autoria do caso, vista a localização do cadáver em Malos Pasos.
Esta histórias sobre espiões correm o risco de serem ridículas. No caso são esclarecedoras. Luis fez da sua amoralidade carreira, da sua ambição, sucesso. Esteve na Legião Espanhola, de Millán Astray, heróica e controversa figura, mutilado de guerra, a quem credita a frase gritada no desfile da Vitória: «Franco, hijo de puta! Contempla a nuestros hijos y admiralos! Franco sonrió». Por supuesto, claro. O mesmo Astray que no confronto com Unamuno lançaria o «Muera la inteligencia! Viva la muerte!». Foi em 12 de Outubro de 1936.
Nos anos sessenta González-Mata infiltrar-se-ia no DRIL de "Sotomayor", Velo Mosquera, Henrique Galvão e Humberto Delgado, movimento que estaria na génese do assalto ao paquete Santa Maria, da Companhia Colonial de Navegação. Investigaria a morte deste, elaborando um relatório que embaraçaria os portugueses depois das polémicas declarações de Franco Nogueira sobre a autoria do caso, vista a localização do cadáver em Malos Pasos.
Neste momento vou na página 54. Rafael Leónidas Trujillo, o ditador que governou Santo Domingo entre 1939 e 1961 pergunta-lhe qual a razão pela qual aceitou ter como destino o seu país. «Cisne» responde sem hesitar: «Confío encontrar em Santo Domingo las satisfaciones y la vida que mi país ne ha negado hasta la fecha». Sinceridade lucrativa. De todos os que Espanha enviara como ajuda para a organização dos serviços militares e de segurança da República Dominicana ele foi o que singrou. Tempos depois organizavam juntar a invasão de Cuba, com o apoio dos serviços secretos alemães, da CIA e vinte e dois milhões de dólares do Presidente deposto Fulgencio Baptista. Vou precisamente aí. São 392 páginas, mais índices. Ainda há muito para ler.