Durante uns anos escrevi assinando com o meu próprio nome. Vários blogs. Chegou a ser facto notado o serem muitos. Respondi várias vezes quanto a saber como tinha tempo para tantos, pergunta feita por quem não notava que havia dias em que não escrevia nalgum deles. Arrumei esses blogs, recortando o que em jornalismo seria o lead de cada post.
Um dia decidi parar. Fiz disso uma questão de honra, para não me deixar tentar pelo desejo de regresso: não mais haveria exposição pública sob o meu próprio nome.
Um dia decidi parar. Fiz disso uma questão de honra, para não me deixar tentar pelo desejo de regresso: não mais haveria exposição pública sob o meu próprio nome.
Criei entretanto um blog que corre sob um nome literário: este. O seu título junta um dos meus nomes próprios ao meu apelido materno. É apenas um aparente pseudónimo.
Qual a diferença, perguntei-me já? Significativa. Até aqui, assinando com o meu nome, era possível dizer-se: ele é aquilo que escreve. Sendo outro o nome do autor, vale a escrita pelo que significa em si. Foi-se a pessoalização. Não mais será legítimo dizer-se que está triste quem escreve sobre tristeza, contente o que escreve alegremente.
Qual a diferença, perguntei-me já? Significativa. Até aqui, assinando com o meu nome, era possível dizer-se: ele é aquilo que escreve. Sendo outro o nome do autor, vale a escrita pelo que significa em si. Foi-se a pessoalização. Não mais será legítimo dizer-se que está triste quem escreve sobre tristeza, contente o que escreve alegremente.
Os voyeurs, os que fazem da fulanização método, desapontados, dirão que isto é um artifício. Talvez seja. Mas não é uma manobra artificiosa. Quando assinava com o meu próprio nome cada blog era também uma pessoa diferente a escrever. Chegámos a ser muitos. Cansei-me deles.
Hoje o Eduardo Pitta teve a gentileza de uma referência, aqui, mostrando quem é o criador do António Rebelo da Silva. Digo bem, o criador não a criatura. Obrigado pela amablidade.