domingo, 20 de setembro de 2009

A Metamorfose, de Franz Kafka



Baseado num estudo científico publicado na Psychological Science, a revista norte-americana Miller-McCune divulgou a ideia: a leitura de literatura absurda estimula a mente.
O exemplo é o mesmo que serve de gag a um momento do filme de Mel Brooks que em português teve como absurdo título Por favor não mexam nas velhinhas e que no original se chamou The Producers: um texto de Franz Kafka.
Sabe-se que Brooks deu à cena a história de um produtor teatral, Max Bialystock, que consegue evitar a falência lançando uma peça que julga ser um fracasso garantido, o que lhe permitirá lucrar com o dinheiro das suas anciãs financiadoras que, assim, não terá de remunerar. O guião escolhido acabará por ser o escrito por um nazi refugiado na América, criatura meia tresloucada, ainda a sonhar com o regresso do seu Führer, vivendo numa mansarda miserável, entre pássaros e goles de schnaps: Springtime for Hitler. Mas há o momento em que, envoltos em manuscritos possíveis, entram pelas primeiras linhas de um livro de Kafka: «Quando Gregor Samsa despertou uma manhã na sua cama de sonhos inquietos, viu-se metamorfoseado num monstruoso insecto». «É bom demais», conclui o produtor, enfastiado, na tela o magnífico Zero Mostel. Lembrei-me hoje, da ideia da metmorfose e do fracasso garantido como causa de sucesso, altamente estimulantes, diga-se.