Porque é que Graham Greene é um grande escritor? Porque o leitor vai virando folha sobre folha, conduzido pela sua narrativa, sem esforço, seduzido; porque há enredo nas suas histórias e contexto; e porque há densidade humana nas personagens, humanidade; e porque, não havendo trivialidade, há senso comum, vida reconhecível.
Comecei a ler The Comedians, a novela, escrita em 1965, que se passa no Haiti, com todos os elementos reconhecíveis do que era e em parte ainda é aquele desgraçado país, incluindo a miséria, a repressão, o voodoo, a atracção turística, a Natureza indiferente ao que dói.
Irónico, no prefácio o autor explica que o narrador «apesar de o seu nome ser Brown, não é Greene». No mesmo registo acrescenta que muitos o tomaram já como sendo alguma das suas personagens, supondo-o, por exemplo, o amante ciumento da mulher de um funcionário público. Lendo The End of the Affair e comparando-o com a biografia de Greene, o leitor sorri-se.Deveria, porém, penalizar-se, pois os seus mais íntimos e magoados sentimentos escondem-se em cada linha, por vezes quase imperceptíveis a quem não conheça o que viveu: «this is onde of the pains of illict love: even your mistress most extreme embrace is a proof the more that love doesn't last».