O mundo é circular. Cansado de livros, talvez passear. Eu bem sei que melhor que viajar é ler livros de viagens. Disse-o o Somerseth Maugham, sabe-se lá com que convicção. Mas ao menos um passeio à próxima esquina, debaixo de braço este meu guia:
«Terminada em 1969, pouco antes da sua morte, Almada trabalhou incansavelmente nesta obra. No entanto, quase podemos acrescentar que o fez a vida toda. A lição que se poderia adivinhar em O Número está aqui, tal como o artista procurou, “sem opinião” e “sem texto” no frio da pedra. Os diferentes motivos geométricos que durante décadas tomaram o seu pensamento são aqui apresentados. Por exemplo, a relação 9/10 no ponto mais à esquerda da obra ou, logo à sua direita, a figura superflua ex-errore de Leonardo Da Vinci. E até o título, de poeta, tem ressonâncias noutro momento da sua vida quando n’A Cena do Ódio diz “põe-te a nascer outra vez”».
É a Igreja de Fátima. Fica aqui ao lado. Os sinos tocam como nas aldeias. É a minha aldeia e eu nela. Sucedeu que antes de partir cruzei-me «porque hoje é domingo» com esta menção precisamente ao Almada, o autor dos vitrais da Igreja de Fátima. Um poema: «Mãe! Vem ouvir a minha cabeça contar histórias ricas que ainda não viajei!». São os Dias que Voam, o tempo que passa, a lembrança que fica.