Custavam quatro escudos, publicados pela Edição de Fomento de Publicações, Lda., sita na Travessa do Sequeiro, n.º 4, rés-do-chão, em Lisboa, sob a direcção literária de Manuel do Nascimento.
Tudo nomes esquecidos, quase como o do autor da capa, Bernardo [Loureiro] Marques [sobre este notável pintor, ilustrador, veja-se aqui].
Era a colecção "Mosaico", que tentava ser, no seu formato em oitavo uma «pequena antologia de obras-primas», trazendo ao leitor o gosto pela leitura.
E conseguiu comigo. Li há pouco O Encontro, a morte do engenheiro, às mãos dos irmãos de Delfina, a moça que o lugar lhe proporcionara «recozidos de ódio, trémulos de delírio, tudo neles trabalhava como um desespero animal. E muda, a toda a roda, a montanha aturdia-os de solidão». E assim «ele sentia que a aldeia lhe impunha a violência da sua verdade», encurralado, «um vento amplo de solidão e montanha embatiam-lhe no peito», «num pavor de precipícios».
Os contos que publicou este pequeno volume de 48 páginas, impresso sem data, mas em 1957 [ver aqui] na Sociedade Industrial Gráfica [hoje Telles da Silva], na Rua de Campolide, n.º 133, estão publicados no volume de contos de Vergílio Ferreira na Obra [quase] Completa que a Bertrand editou e a partir de certa altura deixou esgotar sem reimprimir.
Manuel do Nascimento, mineiro, trabalhou nas minas de Jales, onde conheceu Soeiro Pereira Gomes, Doença pulmonar fê-lo abandonar a profissão e dedicar-se ao jornalismo, à escrita e à edição.
A sua obra, hoje votada ao apagamento, é um dos expoentes do neo-realismo, fruto de experiência vivida tornada literatura. [sobre a sua pessoa leia-se mais, aqui e aqui]
Por esta altura já o autora de Aparição tinha mudado a agulha, abandonando o alinhamento que o levara a escrever Vagão J. Fora tudo com Mudança. «Não de deixou o autor de "Mudança" contagiar pelo fácil e assim os seus primeiros trabalhos não revelam o esquematismo da grande parte das obras dos escritores que caminham nas letras seguindo o mesmo rumo», escreveu, corajosamente, o editor.