Encontrei-o na Livraria Simões, em Faro, casa de magníficas surpresas: um livro de Manuel Anselmo, editado pela Sá da Costa, em 1937. Chama-se Antologia Moderna. Firmado em Matozinhos, o meu exemplar tem uma dedicatória quase ilegível. Anselmo tinha então 25 anos e a obra significou para o seu autor recomeçar a actividade de «ensaísta de compreensão literária».
Anselmo tem sido votado a um profundo ostracismo, talvez por ser politicamente de direita, teórico doutrinador do regime deposto em 25 de Abril. A sua lembrança, ainda hoje suscita reparos.
O livro abre com um artigo sobre o «panorama intelectual e literário do escritor Oliveira Salazar». Deixemo-los. Detive os olhos, sim, no seu magnífico estudo sobre a poesia de José Régio sobre quem escreveu: «Nada evitará, jamais, ao Poeta, esse genial duelo entre o seu sonho de grandeza e a consciência da sua pequenez».
Anselmo tem sido votado a um profundo ostracismo, talvez por ser politicamente de direita, teórico doutrinador do regime deposto em 25 de Abril. A sua lembrança, ainda hoje suscita reparos.
O livro abre com um artigo sobre o «panorama intelectual e literário do escritor Oliveira Salazar». Deixemo-los. Detive os olhos, sim, no seu magnífico estudo sobre a poesia de José Régio sobre quem escreveu: «Nada evitará, jamais, ao Poeta, esse genial duelo entre o seu sonho de grandeza e a consciência da sua pequenez».
Coincidência, tenho vindo a ler, aos poucos, outro livro, encontrado por acaso na mesma livraria a Evocação de José Régio de Joaquim Pacheco Neves, diário dos últimos dias do autor de Benilde, a Virgem-Mãe. A narrativa começa no dia 9 de Outubro de 1969. Nessa noite Régio seria acometido de um enfarte. Faleceria no dia 22 de Dezembro desse mesmo ano. Todo o livro é escrito para contrariar a ideia de que ele seria um suicida passivo, «conivente», a quem a morte conveio no momento em que já não podia mais viver.