«O Destino é uma espécie de pessoa, e deixa de nos falar se mostramos que não nos importamos com o que ele nos faz», escreveu Fernando Pessoa a Ofélia Queirós em 28 de Maio de 1920, no Arcada, perto da hora do jantar. E acrescentava: «Por isso tu deves ter força de vontade de só pensar nisto: gosto do Fernando, não há mais nada».
Pessoa conheceu Ofélia Queirós por esta trabalhar como escriturária no escritório da firma Félix, Valadas & Freitas, Lda., na Rua da Assunção, n.º 42, 2º, de que um seu primo, Mário Nogueira de Freitas, era sócio. Sobrinha do poeta Carlos Queirós mudar-se-ia mais tarde para a C. Dupin & Companhia. Por essa altura o autor da Ode Marítima, morava em Benfica, primeiro no Alto da Belavista e depois na Avenida Gomes Pereira.
Vinte e dois dias antes, Pessoa tinha-lhe escrito: «Então o meu Bébé fez-me uma careta quando eu passei? Então o meu Bébé, que disse que me ia escrever ontem, não me escreveu? Então o meu Bébé não gosta do Nininho? (Não é por causa da careta, mas por causa do não escrever)».
Talvez isto não tenha propósito nem outra grandeza que não seja a da sua pungente humanidade. Talvez por ter acordado cedo, deu-me para ler isto e para isto escrever. Sem mais complicações, é um modo como qualquer outro de começar uma manhã.