Confesso que estou na fase em que me pergunto se um livro escrito em alemão pode ser verdadeiramente traduzido em inglês ou se quem souber italiano e não dominar a língua de Goethe, não fará melhor em tentar lê-lo através desse riquíssimo modo de expressão. Mais: estou na fase em que, depois de ter deixado de assinar o TLS, porque raramente o conseguia ler todo e muitas vezes não lia sequer nada, acho que era ali que ainda conseguia entender-me ainda com um pouco de densidade cultural fora do estilo jornalístico-socio-político-psicanalítico do New York Review of Books, para falar em duas referências em língua inglesa do «magazine litéraire».
Ora quiz o destino que fosse precisamente numa referência a esta revista, cuja beleza é acrescentada pelos desenhos à pena do David Levine, que eu encontrasse hoje referência a uma nova biografia do Franz Kafka, escrita por Louis Begley. Vou fazer um esforço por ler a recensão e talvez mande vir o livro.
O novo ensaio biográfico põe a questão de se deve ou não aceitar-se a visão que Max Brod, um contemporâneo do autor do Processo, trouxe para o mundo dos interessados em saber quem era, afinal, o criador de Joseph K.
Eu para já aceito, porque não quero ser ingrato à mão amiga que me emprestou o livro do Brod. O Begley que espere a sua vez, até porque me irrita a palavra «kafkaesco» que por ali anda com uma ressonância a simiesco. Um bródio, enfim, já que atiramos palavras onomatopaicas às ventas uns dos outros!