segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Kafkaesco ou um bródio?
Confesso que estou na fase em que me pergunto se um livro escrito em alemão pode ser verdadeiramente traduzido em inglês ou se quem souber italiano e não dominar a língua de Goethe, não fará melhor em tentar lê-lo através desse riquíssimo modo de expressão. Mais: estou na fase em que, depois de ter deixado de assinar o TLS, porque raramente o conseguia ler todo e muitas vezes não lia sequer nada, acho que era ali que ainda conseguia entender-me ainda com um pouco de densidade cultural fora do estilo jornalístico-socio-político-psicanalítico do New York Review of Books, para falar em duas referências em língua inglesa do «magazine litéraire».
Ora quiz o destino que fosse precisamente numa referência a esta revista, cuja beleza é acrescentada pelos desenhos à pena do David Levine, que eu encontrasse hoje referência a uma nova biografia do Franz Kafka, escrita por Louis Begley. Vou fazer um esforço por ler a recensão e talvez mande vir o livro.
O novo ensaio biográfico põe a questão de se deve ou não aceitar-se a visão que Max Brod, um contemporâneo do autor do Processo, trouxe para o mundo dos interessados em saber quem era, afinal, o criador de Joseph K.
Eu para já aceito, porque não quero ser ingrato à mão amiga que me emprestou o livro do Brod. O Begley que espere a sua vez, até porque me irrita a palavra «kafkaesco» que por ali anda com uma ressonância a simiesco. Um bródio, enfim, já que atiramos palavras onomatopaicas às ventas uns dos outros!