«Isto já não vai com Deus!» diz Loukas Notaras, o ortodoxo, com os turcos já às portas de Constantinopla e Constantino a saber que «a justiça é a comida da ilusão». A cidade cairia às mãos do Otomano no dia 29 de Maio de 1453 e com ela o Império Romano do Oriente. Era uma terça-feira. Constantino XI expiará o seu maior pecado, «a ambição de não ter ambição».
Li tudo isto ao ler Relato 1453 a peça de teatro que Ruben A. escreveu sobre um tema a que Jorge de Sena se dedicara dois anos antes, escrevendo em Araraquara O Império do Oriente.
«Estão nuvens sobre o céu de Constantinopla...É Deus que se esconde...para as despedidas não quer estar presente. Ah!...Deus está com medo dos turcos, os tempos estão diferentes. Vamos morrer...vamos morrer», revolta-se o Imperador.
A ideia ficou. Desde então resta o presságio de que Deus pode ter medo do infiel. A cidade resistiria, segundo a profecia, enquanto a lua brilhasse no céu. Cinco dias antes ocorreu um eclipse lunar total: o sol envergonhava-se.