Medina Carreira publicou um livro. O livro traz na capa o seu nome e também o de Eduardo Dâmaso, que é director-adjunto do jornal Correio da Manhã, porque depois da introdução, escrita pelo primeiro, seguem entrevistas, em que o segundo formula as perguntas, rematando com um texto final.
Claro que as perguntas são extensas, por vezes reflexivas, mas, vistas as respostas, ficam aquém. O entrevistado tem esse condão. «Arrasa» como titulava um blog a propósito de uma sua prestação televisiva em que chegou a pedir ao jornalista que não fizesse de papagaio do senso somum e do discurso do costume. Aqui também o entrevistador não resiste: partiu com optimismo termina a confessar o seu acabrunhamento e a falar de António Guterres e o seu PS.
Refiro isto do título do livro porque antigamente havia no jornalismo uma regra de ouro: entrevistador apagava-se para sobressair o entrevistado; permitir-se pôr as iniciais a assinar a entrevista já era um destaque, ser fotografado ao lado daquele com quem conversava, uma honra. Agora chega-se a ponto em que a entrevista é uma forma de ventriloquismo, em que o perguntado confirma ou é desfeiteado se ousa desmentir.
Talvez esteja a ser injusto, generalizando. Ainda só olhei de soslaio para o livro de Medina Carreira. Chama-se «Portugal, que futuro». Lembra «Portugal e o Futuro», um livro que revolucionou o país. Foi escrito pelo general António de Spínola. Vou ler.