Okakura Kakuzō estudou na Universidade Imperial de Tóquio sob a direcção de Ernest Fenollosa. Li há uns anos o seu Livro do Chá editado pela Cotovia em 1997. Escrito amorosamente é quase um texto sagrado sobre uma religião que a ter nome se chamaria - e ele assim a chamou - o Cháismo.
A leitura revolucionou-me o espírito, convocando-me para uma muito outra visão das coisas. ««O Cháismo é um culto baseado na adoração do que é belo entre os factos sórdidos da existência diária (...). Consiste essencialmente numa adoração do Imperfeito, já que é uma tentativa terna de atingir algo possível nesta coisa impossível a que chamamos vida». Assim abre esta formidável descrição, de exaltação da assimetria porque só ela abre a porta enigmática ao que equilibra e completa, um saber líquido feito de enamoramento da Sala de Chá enquanto Domicílio da Fantasia.
Lê-se e inicia-se. A verdadeira sabedoria está no não repetir, na proibição da reiteração inútil. No um encontra-se o uno por uma única vez. Entra-se na Arte quando se aprende «a subtil utilidade do inútil». O Cháismo transforma-nos preparando-nos. «Na religião, o Futuro está atrás de nós. Na Arte, o Presente é o Eterno».