O Ludwig Wittgenstein era homossexual, o que importa pouco, mas era um génio, o que importa muito. Escreveu filosofia nas trincheiras, o que ajuda a formar uma lenda, na sua foto mais conhecida aparece a envergar um flying jacket o que compõe sobremaneira a imagem. Além disso, trocou a comodidade de filho de um magnate do aço por professor de escolas primárias em aldeias pobres na Áustria, o que dá uma certificação política que, tudo junto, é um autêntico «laissez passer».
Bertrand Russel abriu-lhe as portas em Cambridge, a sua obra abriu-lhe as portas do reconhecimento da comunidade inteligente do planeta. Diz-se que a sua última frase foi a de pedir que espalhassem que tinha tido uma vida maravilhosa. Escreveu o Tractatus Logico Philosophicus em 1921 para demonstrar que o que se sabe tem como limite o que se diz. Mesmo assim há aporias, como quando se diz algo que não existe, salvo como conceito matemático pois que estatístico. É o caso da magnífica frase «um homem médio tem 2,6 filhos». Coitado daquele que for o 0,6 !
Escrevo isto com ironia mas tenho uma viva admiração por ele, mesmo quando não o compreendo e talvez por isso. O modo risonho deste escrito nocturno resulta de ter encontrado há pouco um interessante blog chamado A Namorada de Wittgenstein. Está aqui.