Hoje é domingo e estou a viajar. Aqui há uns anos assisti a um encontro onde os escritores que se reuniam falavam de literatura de viagens. Alguns viajaram muito e falavam de tudo, incluindo a Amazónia que já passou a banalidade burguesa. Outros, mais confinados, ou menos exuberantes falavam das viagens à volta do seu quarto e das viagens interiores, estas às profundezas do eu.
Ao chegar aqui tinha um email que me dizia assim: quando eu era pequena e viajei de avião não queria que o avião estragasse as nuvens. Ora quem viaja assim viaja no Céu, sentada ao lado de quem viaja apenas pelos céus.
Aterrei aqui vinte minutos antes da hora, com a sensação de estar a ganhar pontos ao decurso do tempo. Na revista que vim a ler, oferta da TAP incluída no preço do bilhete, um professor explicava: se passar aleatoriamente o conteúdo de um DVD, baralhando tudo, onde está o tempo dentro do DVD? Confesso que não sei. Não é por ter acabado de chegar, é porque a inteligência vai escasseando com a passagem do tempo. É que já são sessenta anos.