Talvez se devessem chamar rally paper aquelas gincanas que os livros fazem no circuito de leituras de quem os lê. Ora avança um, ora fica para trás, uns há que se despistam na curva apertada de um passo mais inseguro, poucos são os que cortam a meta da última página, uma minoria vai ao podium. Às vezes são mais as 24 de Le Mans ou, com tantos altos e baixos, a Rampa da Pena.
Aconteceu que tentei recuperar o atraso que está a sofrer o livro do Luís Sepúlveda, Un Viejo que Leía Novelas de Amor, ultrapassado que foi numa das voltas à pista pelo bólide da Rosa Montero.
Não que eu seja um Fangio das leituras - e quem se recorda do velho ás, «O Manco» - o argentino que foi «o único piloto da história da Formula 1 que foi campeão com 4 escuderias diferentes: Alfa Romeo, Maserati, Ferrari e Mercedes-Benz»?
Mas tento dar as minhas voltinhas, literariamente que seja.
Assim, esta manhã recuperei a posição, largando-me a rir. Antonio José Bolívar descobriu que sabia ler, esse antídoto contra o veneno da velhice. Mas não tinha que ler. Foi então que tentou uns jornalecos que davam conta da vida quotidina do seu país equatorial: «La reproducíon de párrafos de discursos pronunciados en el Congreso, en los que el honorable Bucaram aseguraba que a otro honorable se le aguaban los espermas, o un artículo detallando cómo Artemio Nateluna mató de veinte puñaladas, pero sin rencor, a su mejor amigo, o la crónica denunciando a la hinchada del Manta por haber capado a un árbitro de fútbol en el estadio, no le parecían alicientes tan grandes como para ejercitar la lectura». Ah! Ah! Ah! Ah!...