Hoje enchem a boca com o seu nome. Mas 1980, no seu retiro na Bélgica, escrevia, a justificar-se: «A lembrança de fazer volumes legíveis deste diário, começado em 1974, nasceu da crise profunda da não publicação dos meus livros. Estava quase no fim do texto definitivo de Causa Amante, e a principiar um livro em versículos quando o aumento incessante da escrita não chegada a seu destino começou a transformar-se num motivo permanente de tristeza». É Maria Gabriela Llansol (Nunes da Cunha Rodrigues Joaquim). Hoje, porque morreu, está sujeita a tantas homenagens quanto a medida do desinteresse que lhe votaram em vida. Uma escrita entrecortada, em que o nexo do efeito suplanta a deconexão do que lhe dá origem, uma lógica interior de uma vivência desgarrada em espanto, torrencial, imperfeita como é a vida, feita de arestas e de espaços interrompidos.