Em 1965 perguntaram-lhe «quanto ganhou com o seu primeiro livro?» e ele respondeu: «o primeiro livro que eu publiquei foi Páginas I, na Coimbra Editora, em 1949. Como aconteceu com os livros que publiquei a seguir, perdi sempre dinheiro. A minha obra literária não vive da pena, vive apenas. Dos volumes de Páginas I venderam-se uns trinta e poucos exemplares nos primeiros anos. O meu estilo, a maneira de contar, a expressão directa, um mundo novo que não se comprazia com as amenidades do clima, dificultaram sempre a procura das minhas obras. Tenho investido dinheiro em mim próprio numa obra de fomento».
Quatro anos depois perguntaram, agora com mais redondo no modo de perguntar «com base na sua experiência pessoal, qual a principal dificuldade que um escritor encontra na edição da sua obra?» e ele respondeu, mais anguloso ainda: «papel, tinta, tipos de composição, máquina de imprimir. Editar uma obra à própria custa é o diabo à solta em Moscavide»