Nem todos são escritos em papel. Esta manhã visitámos um, gravado escrito em metal, espraiado por linhas cobreadas, erguido ao céu.
Redigido a carvão, memória de sofrimento e de corpos esgotados, são capítulos de exploração, de revolta surda, vagonetas e pá, escória e escadas, livro de um passado industrial hoje museu. Um pouco adiante a cidade hoje diverte-se, nas docas. Sepulta-se ali um mundo que foi.
Ficou-me este rosto, um esgar de pulmões incendiados pelo calor, a caldeira incandescente a sua insaciável companhia, horas a fio alimentando-a, a fonte do seu pão. O fogueiro.
Nem todos os livros são escritos em papel. Pelas chaminés, anos a fio, foi-se em fumo uma história de dor.