Alarves, incultos, imaginamo-los a todos pedintes de duvidosa razão, espojando-se pelo chão da miséria, mão lancinante, lavando vidros de automóveis que ninguém quer que sejam lavados, elas de crianças dopadas, ao seio, em sonos incompreensíveis, humílimos, corridos pelo nosso desprezo e pela indiferença: romenos.
Acordei esta madrugada com o outro mundo de um país que é um ponto avançado da latinidade em território eslavo.
Não sabia que tinha sido o Carlos Queiroz quem elaborou a primeira revisão da tradução em 1945. Cuidadosa, amorosamente, trabalhando a métrica, a morfologia, a sintaxe, a estética dos poemas. Surgiu assim a edição bilingue de Mihail Eminescu, o grande poeta romeno: "Poezii". Tenho-a aqui comigo como companhia.
Victor Buescu que tantas gerações formou no seu Curso de Língua e Literatura Romena na Faculdade de Letras de Lisboa, dedica-lhe palavras de grato reconhecimento.
Sim, foi José Carlos Queiroz Nunes Ribeiro, funcionário da Emissora Nacional, poeta, ensaista, autor de magnífica Épístola aos Vindouros, tio de Ofélia Queiroz, essa mesma, a de Fernando Pessoa, o que morreu aos 42 anos.
Mircea Eliade, que morou aqui perto de mim, não longe da Igreja de Fátima, deixou em prólogo uma breve anotação à obra e ao homem: «incapaz de ser feliz», «a ventura de todos os dias é-lhe negada». A ele Mircea também. O seu Diário Lusitano faz dó, a mostrar como a vida pode ser cruel.