Encontrar o conhecido quando era desconhecido, eis o encanto da vida. Saber que o que é teve o momento em que estava a ser, eis o mistério do ser e do seu tempo. Encontrei-o ontem no Chaminé da Mota, o alfarrabista do Porto, o livro que veio a chamar-se "Prosas Bárbaras" e que Jaime Batalha Reis convenceu José Maria Eça de Eça de Queiroz, seu autor, a publicar, assim reunisse o que vinha publicando de modo avulso na Gazeta de Portugal, de António Augusto Teixeira de Vasconcelos. E na introdução este momento:
«Repentinamente (em Março de 1866), começaram a aparecer uns folhetins assinados "Eça de Queiroz": ninguém conhecia a pessoa designada por estes apelidos que, por algum tempo, se supôs serem um pseudónimo».
Trouxe-o comigo e esta manhã, retirado para um recanto de paz, estou a lê-lo, tendo ao lado uma ediçãodas "Últimas Páginas", biografias de santos, o livro fantástico que seria póstumo. Daqui a pouco almoça-se e regresso à leitura, enquanto a Natureza se espraia, indolente, em calor.