Imagino um dos tantos "intelectuais" da nossa praça ante tal frase a explorarem-lhe doutamente o "non sense", a focarem-lhe, em desconstrução, o sentido revertido decorrente da formulação, em lógica dialéctica a tentarem a síntese unificadora da contradição, entre a pragmática e a semiótica, em suma, a não terem feito, enfim, o que este homem de uma profunda cultura, intensa erudição e grandiosa humildade fez: foi à fonte conferir a frase porque «depois de ter quebrado a cabeça a tentar achar-lhe sentido» se resolveu ir ver se o seu autor - que morreu em 1801 e se fazia passar por "conde" sem o ser - realmente a tinha proferido.
Ora aí chegou à conclusão que o autor da frase tinha dito exactamente o contrário do que lhe tinham dito ter sido dito e assim a frase exacta era «as ideias são um capital que só rende juros nas mãos do talento». Ou seja era só uma troca de um «só» por um «nunca».
São estes sim os juros do talento, distribuídos generosamente a todos nós.