A vida é feita de acasos significativos a que chamamos coincidências. Visitava-se o Chaminé da Mota. Surge-me a Maria José com um ensaio sobre a poesia de Rabindranath Tagore. Nem queria acreditar ao ver o nome do autor: Froilano de Melo. Abrevia o primeiro nome com um I. Talvez por se chamar Indalécio, nome invulgar. Sucede que ao ter escrito em 2001 o meu livro O Espião Alemão em Goa, reeditado em 2011, e ao nele descrever o incidente trágico que levou em 1943 ao incêndio e afundamento de quatro navios estacionados no porto de Momugão escrevera:
«Os seis feridos são, entretanto, transportados para o Hospital Central no bairro de Campal, em Panjim.
Numa das lanchas dos serviços de saúde, Alfredo de Mello, então um jovem estudante de medicina, com quem me correspondi durante a feitura da primeira edição deste livro, acompanhando seu pai, o médico local Dr. Froilano de Mello [i] , tentaria estancar o sangue a um dos marinheiros do Ehrenfels, mas este esvair-se-ia por uma hemorragia da artéria femoral e morre à vista da Fortaleza dos Reis Magos. Era o marinheiro Paskarbeit.».
E na nota de rodapé acrescentara: «[i] O Dr. Froilano de Mello, era à data, o chefe dos serviços de saúde. Nascido em 1877, faleceria em 1955. Cientista de elevada reputação e homem de letras, deve-se ao seu esforço o levantamento das causas de malária em Goa. Especializado no combate à tuberculose e à lepra, os seus trabalhos práticos no sector granjearam-lhe justa auréola doutoral.»
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Eis, agora, ali, diante de mim, o livro. Froilano de Melo escrevera-o na Páscoa em 1944. Dedicara-o aos filho. Um deles, Alfredo de Melo, encontrei-o, como disse, no Urugai quando investigava a história que daria azo àquele meu livro. Hoje, sábado, 22 de Junho de 2013, o círculo fechava-se, sob o signo da Poesia.