Comprei-o em Itália, creio que em 2007, o ano em que foi editado. Li-o então e reli-o agora. Mais do que um incentivo à leitura é o que uma frase sua resume: «Piuttosto che diventare schiava del Librium mi prendo un libro». A recusa da obsessiva química farmacológica, trocada pela física das páginas de um livro.
A Biblioteca é uma farmácia da alma, porque cura, a seu modo, todas as neuroses. «A infelicidade dos personagens famosos é um lenitivo para a nossa infeliz sensação de inferioridade», escreve o autor num dos seus momentos de encontro com a panaceia que a leitura traz. «E così, leggendo prima di dormire uma favola o un breve, poetico racconto, siamo in grado di neutralizare de piccole infelicità di un'intera giornata».
Porque cito em italiano? Porque lida a bula de tão suave medicina, macia enquanto homeopática, na língua de Italo Calvino, nasce, acariciante, o desejo de nos rendermos à terapia. «Chi non legge há un'anima anoressica».
Miro Silvera nasceu em Aleppo-Síria a 22 de Maio de 1942. Vive em Milão desde os cinco anos.