Tinha-a comprado quando saíu em 1979, numa separata de O Jornal, onde escrevi tantos artigos, enviados ao meu querido amigo e colega de curso Cáceres Monteiro: um inédito do Eça de Queiroz, intitulado «Primeiro de Maio».
Depois a vida, as mudanças forçadas de casa deixaram-no para trás, na companhia de outras centenas de seus semelhantes.
Encontrei-o ontem, ao dar o meu passeio higiénico pelo bairro, tal os que passeiam o cão, eu sem cão nem trela.
A livraria estava fechada. Puz então, hoje de tarde, um papelinho em cima da mesa da casa de jantar, para não me esquecer de ir lá, ao Pó dos Livros, recuperá-lo, antes que esgotasse.
Tenho-o aqui. Trouxe com ele uma biografia do Kafka, na qual o primeiro capítulo se chama «um homem à janela». É uma ideia.