O José Saramago, porque é Prémio Nobel da Literatura, diz coisas e o País ouve. Devia ser o mundo a ouvi-lo mas ele não tem, reconheçamos, dimensão para ser escutado pelo mundo, porque o Saramago é cada vez menos Prémio Nobel e o Prémio Nobel é cada vez menos prémio. Agora, pelo que vejo, escreveu sobre Deus e a Bíblia e essas coisas que dão sarilho porque mexem em sensibilidades íntimas e para cuja defesa há igrejas organizadas e vigilantes.
Neste intervalo, em que já houve eleições mas não há governo, a boutade em forma de livrito serviu para animar os calores nacionais. Ele e a Maitê Proença que disse mal dos portugueses e que o Miguel Sousa Tavares veio defender, talvez porque raramente diga bem do quer que seja.
É um mundo de tricas e de baldrocas. Nada disso tem a ver com a Literatura, sim com a mediocridade do meio literário. Que Saramago não goste de Deus e a Proença dos portugueses, seja. Ao menos que valha a pena ler porquê. Sem que isso tenha importância, vim aqui dizê-lo e explicar que escolhi esta foto do Levantado do Chão: não porque abre os braços em cruz, sim porque se abraça a si próprio. Significativamente. E pronto, está feita a terapia hepática.