Convenci-me! A culinária é arte para quem ler o Pantagruel ou a Dona Maria de Lurdes Modesto. Ou mesmo a Cozinha Económica da margarina Vaqueiro. Cozinha é aventura para quem siga livros de receitas e se arrisque para além do «q.b.». Mas cozinha pode ser acaso e inspiração no acto.
Compram-se potas em tiras. Congeladas servem. Descongelam-se no micro-ondas. Vêm molhadas. Enxaguam-se em papel absorvente. Do que se vende em rolos de cozinhas. Tipo papel higiénico em formato A3 e com melhor picotado.
Frigideira com azeite. Deixa-se ferver. Mete-se o sal no azeite para que ferva tudo melhor. Sal frito? Conheciam? Nem eu até ter feito.
Jogam-se as potas ao banho fervente, caldeirão infernal, Belzebu na cozinha à solta.
À medida que fritam prensam-se. Com uma colher de pau. Para não riscar o fundo do tacho...ora!
E prensam-se porquê? Para largarem o seu conteúdo líquido, a humidade. São potas húmidas, potas como devem ser.
Nesta altura já a confusão é total. A fritura passou a cozedura. As potas volteiam-se «dans leur sauce», uma mistura branca e esverdeada.
Então joga-se dois esguichos nas potas. De vinagre balsâmico.
Mexe-se em tudo. Ficam côr de molho inglês. Ou de soja do restaurante japonês.
Corta-se em cubos.
Acompanha com risotto al pomodoro. Vende-se pré-feito, atenção. Ninguém nota a diferença.
Duvida? Pois foi o meu jantar e dos meus. E nisso, gaba-te cesto, sou melhor que este marmelo aqui.
P. S. Eu disse «marmelo»? Qual marmelo! Nabo!
P. S. Eu disse «marmelo»? Qual marmelo! Nabo!