Veio do neo-realismo e por isso tem lugar cativo no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira mas, atenção, apenas em relação às suas primeiras obras. Com o romance Mudança mudou de rumo. Nessa altura, como conta no seu Diário Íntimo, estava em luta intestina com a personagem que nesta terra teve como nome Sartre e por isso num certo dia de Agosto, em Melo, sua terra natal, escreveu, furibundo: «Amigo Sartre mete uma enxada nas unhas aos teus pederastas, aos teus vadios de café, põe-me essa Ivitch a lavar roupa, a roçar o soalho da casa, dá-lhes a todos para roerem, um corno de realidade. E conta-me depois». É Vergílio Ferreira, claro. Irado de dúvida, raivoso de incerteza.