Há uma literatura infantil para crianças e uma literatura imbecil de adultos que se julgam crianças. Esta última parte do pressupostos que os miúdos são tão idiotas como muitos dos que escrevem julgando que o fazem para eles lerem. Foi ao romper contra este universo que uma obra como Harry Potter, extensa e densa, ganhou de súbito foros de grande empreendimento e sobretudo surpreendeu os editores.
É que as crianças são outra coisa em que a desatenção dos crescidos não repara. Tal como a personagem de "O Bebedor de Tinta", escondido sob uma mesa na livraria do seu pai, aprendendo, através de um libertador pesadelo e os pesadelos libertam, a amar os livros.
O livro é lindo de texto e de imagens. É um livro para quem conhece o sabor dos livros e sente, táctil, a sensação aliciante do seu papel. Livro draculiano sem ser de vampirismo intelectual ensina os pais a gostarem dos filhos gostando de livros de que eles gostem.