Encontrei-a no jardim da Gulbenkian, em exposição, há uns dias passados. Fotografei-a como me foi possível, com o telefone. As que conheci na minha juventude e me traziam à aldeia de Abravezes livros que eu nem imaginava que existiam, eram cinzentas. Soube mais tarde que o Herberto Hélder trabalhou numa delas, percorrendo o país, distribuindo cultura, instigando ao saber.
Deveu-se à organização dessas Bibliotecas Itinerantes ao escritor Branquinho da Fonseca, coadjuvado por António Quadros.
Em homenagem, a Fundação reeditou «a título excepcional» o Boletim Cultural que em Janeiro de 1984 lhe dedicou.Trouxe então um exemplar. Li-o hoje, em viagem, para me lembrar do pouco que sabia sobe este homem que foi mais um dos licenciados em Direito que pediu asilo à Literatura.
Como o mundo é tão pequeno. Fui ali encontrar um estudo sobre a presença da mulher na sua escrita da autoria de Natalina Andrade Grilo. E um sentimento de comoção tornou-se pudor. Não fui capaz de o ler. Amanhã voltarei. As memórias, as dolorosas sobretudo, são como uma reticência que nos envergonha.
Branquinho da Fonseca, filho de Tomaz da Fonseca. O seu livro "Bandeira Preta", o único que li, começa assim: «Pedro abriu uns grandes olhos de espanto»...