quarta-feira, 28 de dezembro de 2005
O lugar de toda a gente
O livro trata da vida quotidina em São Petersburgo na época romântica. Estou a estudá-lo porque a minha biografada, Nathalie Sergueiew nasceu naquela que Pedro o Grande quis que fosse a janela da Rússia sobre a Europa. Há nele um capítulo que trata da condição feminina e outro da vida cultural nessa cosmopolita cidade. Não recordo em qual vem a propósito de Elizabeth Khitrovo, filha do general Koutozov que, estando doente, e não podendo receber nos seus salões, como costumava, a corte de intelectuais, artistas e homens de cultura que a frequentavam, abriu-lhes as portas do seu quarto e a um, com equívoca amabilidade, lhe disse: não, não se sente aí nessa cadeira, pois é a preferida de Putschkine, nem naquele fauteil, pois é o de Viguel. Sente-se aqui, na minha cama, que é o lugar de toda a gente. Uns anos depois, os sovietes arancavam em armas com o sonho de que isso era uma verdade universal para todas as coisas, em todos os lugares.