domingo, 11 de junho de 2006
O sono da lua
A lua foi dormir, depois de ter dado, estou certo disso, uma noite de muito divertimento e alguma alegria a muitos dos meus semelhantes. Companheiro deles, nesta viagem pelo tempo, anichados no planeta terra, à velocidade de translação de 1.783 quilómetros por minuto, fico feliz por eles, como se fossem eu. A lua foi dormir e com ela a segurança de que amanhã volta, menos exuberante, claro, até ao vazio total de se ter esgotado o seu ciclo de criação. Agora que a maré baixa, e é domingo, avançam banhistas em famílias e em casais e uns quantos solitários que a vida desirmanou ao encontro da ilusão refrescante da água, em busca de um horizonte longínquo que os retire de si e da sua mesquinhez terrena. A lua foi dormir sem que tantos tivessem ao menos nela reparado ou voltem sequer a reparar.