sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Um instante
Usava um kilt, mas nem sequer era europeu quanto mais escocês. Era negro e americano. Usava botas militares e ao peito um símbolo pacifista. A roupa era medíocre, os dedos vinham inchados de anéis em ouro. Acompanhava-o um cão dos que guiam cegos, mas nem ele era cego e o cão era uma cadela. Eu regressava de comboio com vontade de viajar de comboio. O mundo parou por um instante e sorriu para nós. A rapariga bonita que viajava connosco sumiu-se na multidão, ignorando-nos, os olhos postos no ponto imaginário de alguém que a desejasse.