terça-feira, 25 de abril de 2023
A circunstância do acaso
Atrai-me o simbólico do que se chama acaso. Ter escrito o texto de introdução para a reedição de um livro de Graham Greene e tê-lo visto mencionado, ficcionalmente embora, nesta obra de um escritor que vou, tardiamente confesso, começar a conhecer. E um dos personagens chamar-se Hugh Greene, irmão de Graham e com ele autor de uma colectânea de trechos sobre espionagem. E toda a trama da narrativa ser sobre a agonia de uma conferência e eu ter vivido a:semana que passou a sofrê-la pela mesma razão. E ter sido, enfim, uma extravagante circunstância que me levou ao encontro desta escrita, uma ida a uma livraria onde comprei um livro que se tornaria repetido pois esqueci-me então que já o tinha encomendado.
A história, que o livro relata, é da irrealizada ânsia de mudar, entre a cobardia do conformismo e a inexorabilidade das circunstâncias. De permeio aquele conceito de espionagem em todas as suas acepções, incluída a que abrange o voyeurismo e abrange o tema do filme "A Janela Indiscreta".
Estilo entre a rudeza cruel e a ironia burlesca, a narrativa prende, menos conseguidos, por vezes, alguns momentos, magistrais outros.
O imaginário escritor português que lhe dá fundamento ao que escreve, se ele não o desvendasse, passaria por mistério e realidade.
O título tem origem conhecida, portuguesa também.