sábado, 15 de setembro de 2007
A escada do infinito céu
Ando à procura de uma escada que seja alta na medida suficiente para me permitir alcançar a parte superior da estante dos meus livros. É que estou a cansar-me de os ver rastejantes, cercando-me a cama, por impossibilidade de os arrumar lá em cima, no lugar que, ansioso, os aguarda.
Procurei em vários sítios. Já me contento que ela seja em frio alumínio, desejando-a, embora, em morna madeira! Hoje, na loja do chinês aqui em baixo, a empregada tentava, entre vénias, explicar-me naquela língua em que os «erres» agressivos foram substituído pelos «éles» amaciados: «não ále, só dois deglaus, alto mais não fazê-le».
Olhei aquela filha do Império Celeste, a idade a mantê-la naquele corpito franzino eternamente de adolescente, o íntimo pensamento impenetrável. Esbocei um sorriso. À saída um Buda em plástico, que dá alma aquele amontoado de quinquilharia barata, sorriu-me também.
Inútil tentar subir ao céu quem nasceu para viver na terra. Irei ao IKEA, rumo ao Norte. Talvez ali, mais perto da Estrela Polar, na via do sonho, encontre a minha escada.