quarta-feira, 6 de setembro de 2006
Anrique Paço d'Arcos
Vi na passada semana no JL que passariam no dia 2 de Setembro cem anos sobre a data em que nascera Anrique Paço d'Arcos. Em 1993 a Imprensa Nacional editara-lhe as «Poesias Completas», que vai agora republicar. Irmão do escritor Joaquim Paço d'Arcos estavam ambos praticamente esquecidos. Do Joaquim, que foi funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ainda se encontram pelos alfarrabistas algumas edições do «Tons Verdes em Fundo Escuro», escrito em 1946, do seu magnífico conto «Samovar», e mesmo a história de «Venâncio», na qual todos os funcionários públicos se revêem e o seu inevitável «Ana Paula». Agora do irmão Anrique é que pouco aparece. O «Dicionário da Literatura Portuguesa no Mundo» ignora-o, a História da Literatura do Óscar Lopes e António José Saraiva que eu tenho dos tempos do liceu nem nele falava. Claro que eu esforço-me por acreditar que não há acasos. Mas como explicar que tenha encontrado durante as férias, deambulando já nem sei por onde, uma terceira edição do «Amores e Viagens» do Joaquim, em terceira edição da defunta Parceria António Maria Pereira, publicada em 1943, e ver nele uma comovente dedicatória ao irmão Anrique, aquele que «deste rancho de irmãos que entrou na vida rico de todas as ansiedades». E como explicar sobretudo, ao ler, precisamente no JL a ligação de Anrique a Teixeira de Pascoaess, dos quais ali se publicam duas cartas, que eu não me lembrasse sequer que, precisamente em nome do acaso, escrevera já, curiosamente neste mesmo blog, então a celebrar «minha intrínseca tristeza, essa forma melancólica de viver, connosco por companhia», isto mesmo, que hoje reli, como se outro o tivesse escrito! Perplexo parti à descoberta, para me cruzar, no espaço poético com a magnífica ave-azul.