quarta-feira, 13 de julho de 2005

Precisamente assim

Eu não sei como há pessoas que escrevem sem gralhas, exprimem-se sem erros, pensam sem hesitações. No meu caso a única coisa que é fácil é a iniciativa, o espontâneo estonteante da ideia, a rapidez feérica ao escrevê-la. No mais, é um calvário de revisões, um caminhar trôpego pelos mesmos lapsos, um tropeçar frequente na inutilidade do que faço. E, no entanto, sufocaria sem a janela aberta do outro, enlouqueceria andarilho solitário no cubículo dos meus pensamentos. Vem a isto a propósito precisamente de estar aqui, erróneo, gralhado, hesitante. Magnífica situação. Mesmo as ondas de calor gorduroso da rua, até o zumbir pegajoso das moscas da tarde, nada me incomoda. Uma tarde excelente! Eu não sei como há pessoas que não escrevem mais assim!