terça-feira, 25 de abril de 2006

Valeriana

«Conta-me uma história», uma história qualquer, pode ser mesmo a tua história. Conta-me uma história, de alegria ou de tristeza, uma história pequena, pois é só para adormecer. É com isto que se animam os que escrevem, com isto se encantam os seus leitores. Entre bocejos e sonos refastelados, por vezes um sonho, quantas vezes um pesadelo, vai surgindo, hipnótica, soporífera, a valeriana literatura. Com ela adormecem, entretidas, as dores, acordam, provocadas, as paixões, dormitam, em geral, todos os sentimentos. Eu sou o livro e com uma voz feita de páginas e linhas, palavras e letras, proclamo, a melopeia melíflua de um pedinte: leia-me na cama, acorde comigo, um livro no chão. Se nada mais tiver, tem nessa noite, pelo menos, a ilusão da companhia. Leve-me consigo ao deitar, mesmo que seja só para adormecer. Eu conto-lhe uma história!