domingo, 20 de agosto de 2006

Museu ao ar livre

Viajo. Estou num local onde os computadores acentuam de modo diverso, sem que eu possa usar, ao escrever, o nosso modo de acentuar, obrigando-me a usar palavras que omitam o que por aqui inexiste. Curiosa forma de escrever esta, confinado por exemplo a ter de dizer sim, sem a possibilidade de acesso a uma palavra que exprima a negativa. Estou longe de casa, numa cidade com pouco mais de duzentos anos, um museu ao ar livre, replicando em arte o que de melhor a Europa tinha e as colossais fortunas podiam comprar, caixa de bonecas, de corpos espectaculares que se pavoneiam ante a rua do desinteresse. Oriundo de um Portugal com mais de oitocentos anos de vida independente, trago comigo o peso dos escombros acumulados com que nos fomos fazendo. Tenho saudades, talvez por hoje ser domingo, o dia do aborrecimento universal.