sexta-feira, 3 de abril de 2009

O riso

Comecei a ler as cartas de Wenceslau de Moraes a Alfredo Ernesto Dias Branco. Gosto de ler cartas. Dão o sentimento de quem as escreve e o contexto em que são escritas. São mais vivas que um compêndio de História, mais ricas do que um manual de Psicologia. Encontram-se nelas pérolas de observação. Vivendo frugalmente, cônsul de Portugal no Japão, dedicado à escrita, solitário, Moraes distancia-se cada vez da vida política do país. Chegam-lhe ecos da decadência da Monarquia, vê com pouco entusiasmo o alvor da República. Duvida dos homens da política. «A tristeza é no nosso país a doença dos homens honestos, dos bons; só os patifes riem», escreve em 18 de Fevereiro de 1910.