quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Clepsydra, de Camilo Pessanha



Fui hoje à Biblioteca Nacional porque se apresentava o acesso on line ao espólio de Camilo Pessanha. O acesso é por aqui. Autor de um só livro, o autor da Clepsydra desinteressou-se, porém, da sua publicação. Devemo-la a Ana de Castro Osório, a mulher que o amava e não o quis para marido.
Hoje, Daniel Pires encarregou-se de lhe resumir a biografia. Por várias vezes se referiu a seu filho, depreciativamente: a propósito do desinteresse pela obra do pai, a propósito da venda, por puro intuito mercantil, da sua colecção de arte chinesa, que se pode ver hoje no Museu do Oriente, depois de ter sido recusada por vários museus.
Esta noite, já em casa, abri o livro que Danilo Barreiros dedicou em 1961 ao testamento de Camilo Pessanha: «Crescendo num ambiente alheio às convenções normais, quase desprezado pelo pai, que o adoptava de "Malau" (macaco), teve João Manuel formação deficiente, Camilo Pessanha não sentia por ele grande afecto e nunca se empenhou em orientá-lo na vida. Tratava-o com excessiva severidade e, uma vez, aos surpeendê-lo a namoriscar Ngan Ieng, expulsou-o de casa, deixando-o entregue a perigosa vadiagem».
Caramba, que dor para quem se embevece ante o simbolimso florido da sua escrita, para quem, sabendo-o maçon, o imaginava fraterno e solidário.
Nunca fantasies em Literatura. Lê.