sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Revolutionary Road, de Sam Mendes

Pode falar-se de um filme como quem fala de um livro. Um filme, é claro, vê-se, mas também se lê, desfolhando as cenas como se fossem páginas, sublinhando excertos. Revolutionary Road é um filme sobre os limites da ilusão, a força do conformismo. A contradição e o absurdo surgem através da boca de um louco, as suas palavras são a violência do embaraço ante o ridículo dos lugares comuns. Filme americano, claro, nisso convencional, fantasia Paris como o lugar do idílio. Mas não é essa a história. Independentemente do que conta - e nos livros a história é por vezes um pormenor - interessa pelo que sugere. A mediocridade mata, raramente o medíocre que sujeita o outro a vivê-la.