sábado, 16 de janeiro de 2010

A Alegria, a Dor e a Graça, de Leonardo Coimbra



Sant'Anna Dionísio escreveu: «foi um verdadeiro delito colectivo a vida forçada de professor do ensino secundário de Leonardo Coimbra».
Apto para o Absoluto teve de viver a condição do relativo. A criação fulgurante era o seu modo de ser. O seu pensamento era um drama em acção, a sua vida a fecundidade da Natureza feita homem. Viveu às guinadas. No final da vida rendeu-se à Fé católica, entregando-se assim Deus. Foi no Natal de 1935, pela mão do Padre Cruz.
Morreu como vivera. Um desastre de automóvel levou-o. «Grande é o homem que conserva sempre em si a luz das primeiras horas, é água à boca da fonte, fogo interior aflorando em jeito de afeiçoar a terra» escreveu no seu livro extraordinário A Alegria, a Dor e a Graça. Publicado em 1916 é um poema em prosa. José Marinho chamou-lhe «um poema metafísico».
Antes de o seu corpo ser abandonado à terra foi um ser irredutível. Ficou a obra. Sobreviveu, pois.