sábado, 18 de fevereiro de 2012
Vivamente apurado
Há muito que a procurava. Hoje na  Livraria Almedina, do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian,  encontrei-a, ou melhor, estava à minha espera. «Há que tempos que o não  via, ainda está interessado nela?», perguntou-me solícito o empregado,  amigo. Era verdade que «há que tempos» e verdade também que «ainda  estava interessado». Nunca deixei de estar. 
Comecei  a lê-la esta tarde, à biografia de Eça de Queirós escrita por Campos  Matos. E a ler,  primeiro a esmo, começando pela sombra da perseguição  dos problemas financeiros a que foi sujeito a vida inteira. «Vivamente  apurado», no refogado dos apuros, as «atrapalhações de dinheiro» iam-no  envelhecendo. Despesas acima dos ganhos, gastos desordenados. Um mês  decorrido sobre a sua morte, um dos seus mais dedicados amigos, o Conde  de Arnoso, escrevia ao director do Jornal do Comércio, do Rio de  Janeiro, a implorar ajuda para a família, que, segundo ele, "havia  ficado na mais negra miséria". A 21 de Maio de 1901 a Câmara dos  Deputados aprovava uma pensão para a viúva [como vem relatado aqui].  Esta «viria a ser anulada pelo governo da República, devido ao facto de  dois filhos de Eça terem participado nas incursões monárquicas do Norte  de Portugal em 1912», como confirmei aqui. 
Vergonha.

 
 
 
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