domingo, 22 de novembro de 2009

Amadeo, de Mário Cláudio


Ainda não li o último livro do Mário Cláudio, bem sabendo que não é o derradeiro. Mas lembrei-me há pouco de ter lido e estudado ao pormenor a fantasia que ele escreveu sobre o Amadeo de Souza Cardoso. Na altura eu andava embevecido pela Sonia Delaunay e fui mesmo a Vila do Conde fotografar-lhe a casa, a Vila Simultânea, que o Francisco Teixeira da Mota me disse pertencer à família e em cujo quintal - memória inesquecível - havia coelhos.
O livro é curto e é curioso, apesar de na altura me irritar porque eu queria uma biografia de factos e o autor por vezes escapulia-se para uma biografia de sonhos. Mas a vida é também isso mesmo.
Tenho o livro comigo e curiosamente abriu-se, a lombada já forçada, na página 83 onde eu sublinhei - e o pobre está todo sublinhado - aquele excerto, que publiquei na num qualquer blog, em que o Amadeo pergunta em carta: «A Maman sabe o que é a burguezia?». E responde por ela: «Sabe, sim. É a geral sociedade, essa que vive animalmente, isto é, aquella em que os sentimentos animaes é tudo e os espirituaes nada. É uma sociedade de alma animal. Ha tambem bons burguezes, porque a alma animal tambem pode ser altamente virtuosa, mas nunca superior. Ora o tio Chico é uma alma superior. Voila tout».