quarta-feira, 13 de julho de 2005
A formiga argumentativa
Acontece a quem tem alguns livros e nem sempre os lê: aos que, como as formigas pensando no Inverno, acumulam para quando não houver. Tive a percepção, ao sair da livraria, de que já o tinha, mas ao chegar à estante, lá estava, provocador, um seu igual. Era a «Histoire de la rhétorique». Vista por fora, na edição francesa dizia-se que o livro saía sob a direcção do Michel Meyer, o sucessor em Bruxelas de Chaim Perelman. Visto de dentro, concluía-se que nele havia prosa também de Benoît Timmermans e do nosso Manuel Maria Carrilho. Gasto inútil. Pior, descobri que já tinha também comprado a tradução portuguesa, editada pela Temas & Debates em 2002, onde o português já merecia honras de menção na capa. Enfim, nada a fazer. Inútil argumentar! Em matéria de retórica, estou convencido e tenho provisões que chegam até à primavera. E sobretudo, mais do mesmo, que é uma forma sofística de argumentar pelo esgotamento do interlocutor!