Mostrar mensagens com a etiqueta Rosa Montero. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Rosa Montero. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um final feliz com Rosa Montero


Acabei de o ler, agora com o fim da madrugada e a chegada de um dia de chuva, o termómetro na rua a marcar treze graus quando há uns dias marcava cinco e parece que o mundo iria gelar. Li-o ao livro notável La Loca de la Casa de Rosa Montero. Começou entretanto a chover.
Um livro que poderia ser tautológico, uma escritora a escrever sobre a escrita. Mas que é um ensaio sobre a paixão. Um livro que lês quando escreves e devias ler quando lês.
Quando se lê um livro até ao fim e este lê-se na totalidade, arrastado o leitor pela apetitosa narrativa, detectam-se minúcias e recantos maravilhos. A história do enamoramento por M., como máximo exemplo, duas vezes contada e real mas talvez em nenhuma mais verdadeira do que a imaginada: na página 32 em diante e em retorno na página 218.
Li-a a essa história de enamoramento, com a aflição de quem quer para ela um final feliz. Há sempre um momento em que o leitor se tornou na personagem e deseja emendar quanto a vida escreveu. Rosa Montero, obrigado. Fiquei agora sem mais nada para ler.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Mundo quieto y sordo y tan vacio



Uma pessoa perde-se em trabalho, afunda-se mesmo, e depois dá consigo cercado de livros acusadores que deixou de ler, abandonados, livros em que talvez as próprias folhas pareçam mais amarelas, como quando passa muito tempo sobre uma livraria e tudo cresta e as velhas obras nos recordam o tempo em que foram nossas e assim companhia, alegria e consolo de alma.
Ali estava ele, silencioso, sem um queixume, o livro de Rosa Montero, La Loca de la Casa. Marcado na página 52, onde nos separámos, o momento em que ele fala no monstro da criação, aquele que, vogando no mar violento da tua vida de escritor, que «pero luego, antes de que hayas tenido tiempo de haver nada, antes de haber sido capaz de calcular su volumen y su forma, antes de haber podido comprender el sentido de sua mirada taladradora, la prodigiosa bestia se submerge y el mundo queda quieto y sordo y tan vacio».

domingo, 15 de novembro de 2009

Dia de rally paper



Talvez se devessem chamar rally paper aquelas gincanas que os livros fazem no circuito de leituras de quem os lê. Ora avança um, ora fica para trás, uns há que se despistam na curva apertada de um passo mais inseguro, poucos são os que cortam a meta da última página, uma minoria vai ao podium. Às vezes são mais as 24 de Le Mans ou, com tantos altos e baixos, a Rampa da Pena. 
Aconteceu que tentei recuperar o atraso que está a sofrer o livro do Luís Sepúlveda, Un Viejo que Leía Novelas de Amor, ultrapassado que foi numa das voltas à pista pelo bólide da Rosa Montero.
Não que eu seja um Fangio das leituras - e quem se recorda do velho ás, «O Manco» - o argentino que foi «o único piloto da história da Formula 1 que foi campeão com 4 escuderias diferentes: Alfa Romeo, Maserati, Ferrari e Mercedes-Benz»?
Mas tento dar as minhas voltinhas, literariamente que seja.
Assim, esta manhã recuperei a posição, largando-me a rir. Antonio José Bolívar descobriu que sabia ler, esse antídoto contra o veneno da velhice. Mas não tinha que ler. Foi então que tentou uns jornalecos que davam conta da vida quotidina do seu país equatorial: «La reproducíon de párrafos de discursos pronunciados en el Congreso, en los que el honorable Bucaram aseguraba que a otro honorable se le aguaban los espermas, o un artículo detallando cómo Artemio Nateluna mató de veinte puñaladas, pero sin rencor, a su mejor amigo, o la crónica denunciando a la hinchada del Manta por haber capado a un árbitro de fútbol en el estadio, no le parecían alicientes tan grandes como para ejercitar la lectura». Ah! Ah! Ah! Ah!...

sábado, 14 de novembro de 2009

La Loca de la Casa, de Rosa Montero


Comecei esta manhã, fascinado. Não gostaria de parar de a ler. Sei que tenho de voltar a outros livros que deixei inacabados, alguns por ser deles o leitor. La Loca de la Casa aprisionou-me. Não é uma reflexão, é um discurso amoroso sobre a paixão literária, a coincidência entre o enamoramento e a escrita. «Ser novelista es conviver felizmente con la loca de arriba. Es no tener miedo de visitar todos los mundos posibles y algunos imposibles». «La novela es la autorización de la esquizofrenia». Rosa Montero escreveu vinte e seis livros. Comecei hoje com este, o dia suspenso.